quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Brasil: Oásis ou miragem?

Falar do Brasil e do seu atual crescimento económico, das oportunidades de emprego e de negócio, está muito em voga. E uma das perguntas mais recorrentes é: “Trata-se de um oásis, ou de uma miragem?”
Eu, sem hesitar, considero que seja um OÁSIS. E eis o meu fundamento.


Bolha especulativa?

Relativamente ao atual crescimento económico brasileiro, tenho escutado (e até lido) várias teorias de bolhas especulativas e de crescimento fictício! Mas até à data, ainda nenhuma dessas teorias me pareceu devidamente fundamentada, nem convincente.
A meu ver, não se trata de nenhuma bolha especulativa momentânea que irá estourar por volta de 2016, após as Olimpíadas no Rio de Janeiro.
Trata-se sim, de fazer avançar um país e nivelá-lo pelos padrões do chamado primeiro mundo. Esse nivelamento não acaba em 2016 e, muito menos o impacto económico daí decorrente deixará de se fazer sentir nas próximas duas ou três décadas (pelo menos).


Futebol, Olimpíadas e Petróleo?

O potencial do Brasil vai muito além de toda a especulação criada em torno dos mega eventos internacionais de 2014 e 2016, ou mesmo das descobertas de petróleo do pré-sal. Esses são os cartões de visita atuais com os quais o Brasil tem se promovido e afirmado à escala global. Obviamente que todos eles terão impacto económico e social mas, existem outros factores que terão impactos muito maiores, com resultados mais notórios e mais prolongados. São, essencialmente, fatores relacionados com a redução quer das assimetrias internas (diferenças gigantes entre classes sócio-económicas dentro do país), quer das assimetrias externas (diferenças do padrão médio de vida entre Brasil e zonas económicas de primeiro mundo, tal como a União Europeia).


É a economia, estúpido!

Macro-económicamente falando, o que mais interessa são os números globais e per-capita. Números provenientes de fontes fidedignas, números que não mentem. Observem-se indicadores para os níveis de vida, rendimento, IDH, educação, etc.
Basta notar que mais de 20% da população (acima de 40 milhões de Brasileiros) vivia em 2011 com menos de 4 dólares diários. Num nível bem mais acima, equivalente à classe-média europeia, temos menos de 10% de brasileiros. A vasta maioria da população vive ainda em patamares muito inferiores à média dos níveis sócio-económicos de países do primeiro mundo.
Estes números são altamente esclarecedores e permitem-nos, por um lado, tirar algumas ilações, por outro, especular acerca de cenários futuros.
Pode a Europa estagnar durante os próximos 10 anos e o Brasil crescer a taxas anuais médias de 6% que isso não chega para atingir um padrão per-capita equivalente entre as duas regiões.
É consenso geral que o Brasil dispõe de recursos naturais em abundância. Eu, particularmente, acredito que em abundância para dar emprego e criar riqueza para largamente mais que os cerca de 192 milhões de cidadãos contados nos censos de 2010 e, subindo os índices per-capita para níveis europeus. Relativamente ao Brasil, a União Europeia concentra mais do dobro da população, em menos de metade do espaço, com menor quantidade de recursos naturais!
Acima de tudo, o que o Brasil precisa é, continuar a melhorar as mais importantes fontes de riqueza, comuns a qualquer país do mundo - a riqueza intangível. Como bem se entende neste artigo, toda a riqueza natural por si só tem um peso quase residual. Haja sim, a capacidade para a explorar.


Classe média emergente... finalmente!!!

É também consenso geral que existe um fosso de assimetrias entre classes socio-económicas no Brasil, o que constitui uma potencial fonte de conflito social, sempre latente. Mas esse facto não é de agora, vêm de há várias décadas. Felizmente, essas assimetrias têm vindo a amenizar, graças sobretudo ao reflexo no tempo do Plano Real, implementado em 1994 por Fernando Henrique Cardoso.
Com os níveis de pobreza a reduzir considerávelmente, os níveis de educação a aumentar e o ressurgir de uma classe-média cada vez mais expressiva e endinheirada, as oportunidades de negócio têm também que aumentar, de forma a acompanhar as exigências crescentes do mercado interno. Aqui está um conceito-chave entre os mais importantes: o mercado interno!



E os novos-imigrantes?

1 milhão de cidadãos estrangeiros? Em 192 milhões? 0,52% da população!!! Inexpressivo, é dizer pouco!!!
O Brasil tem espaço para acolher muito mais imigrantes e, deve até fomentar essa imigração (sobretudo especializada), dado que a mesma será fonte aceleradora de desenvolvimento económico e social, através de diversos mecanismos, entre eles, aumento da procura interna de bens e serviços, importação de conhecimentos e inovação tecnológica.
A imigração não é mal nenhum para país algum. Muito menos para um país que se encontra já a sofrer entraves ao seu crescimento económico, devido à falta de mão-de-obra. Leva tempo a qualificar e preparar grandes quantidades de força de trabalho. Não havendo no país em quantidade suficiente, importe-se!
Mais. Quando uma classe-média europeia, educada e preparada para encarar desafios, desembarca em terras de Vera Cruz levando na bagagem a intenção de se estabelecer a médio ou longo-prazo, quem mais tem a lucrar é o próprio Brasil. Esse fluxo migratório irá se esforçar para vencer na vida e vai querer replicar no Brasil, as condições e padrões de vida que antes usufruía na Europa. Isso implicará largos benefícios para toda a sociedade, com efeitos quer a curto-prazo quer nas décadas vindouras.


Conclusão?

Vejo um futuro muito risonho para esse Brasil que se diz “UM PAÍS DE TODOS”. De todos os que o amam... como eu! Por isso, também é meu! :D

5 comentários:

  1. Muito bom o texto, caro português.
    Saudações do Brasil, ou melhor, do nosso Brasil. :)

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  2. Muito obrigado, Fabrício. Valeu!

    Aquele abraço.

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  3. Muito bacana cara parabéns!
    Reflexão mais que interessante!

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  4. Olá, Pedro. Sou repórter da agência Lusa e estou fazendo uma reportagem sobre portugueses que trabalham no Brasil, preferencialmente os que chegaram no ano passado. Vi seu blog, e acho que pode me ajudar. Você trabalha no Brasil ou conhece alguém que esteja nessa situação? Poderia me passar um contato para que eu faça a entrevista?
    Obrigada,
    Fernanda Barbosa
    fbarbosa@lusa.pt

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  5. Boa tarde Pedro, partilho inteiramente da sua opinião, trabalhei entre 2004 e 2005 no Brasil e já fiquei com essa mesma ideia.
    Estou neste momento pensando em voltar para o Brasil para procurar um novo desafio profissional, será que conhece algum site ou plataforma em que eu possa inscrever-me de forma a procurar novamente a minha sorte por aí?
    De qualquer forma muitos parabéns pelo seu blogue.

    Luís Salgueiro
    salgueiro94@gmail.com

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